Muitas vezes, ao nos depararmos com uma nova doutrina, como o Espiritismo, que está em plena ascensão no Brasil e que depois de alguns anos conhece uma expansão jamais vista, temos dificuldades para compreender do que se trata. Espero, com este post, esclarecer algumas dúvidas sobre o que é o Espiritismo, sobre aquilo que ele pode trazer para nossas vidas e qual é sua tarefa.

O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência. Ele é considerado a terceira revelação de Deus para a humanidade (a primeira sendo Moisés, que nos trouxe os Dez Mandamentos, e a segunda sendo a vinda de Jesus, que estabeleceu a base dos códigos morais e de conduta que seguimos até hoje, na doutrina cristã). Através do Espiritismo e do contato com os espíritos, a humanidade recebeu provas definitivas da existência do plano espiritual—a vida após a morte—e da reencarnação, bem como muitas informações sobre seu funcionamento. 

Um dos principais diferenciais da doutrina espírita é que ela se apóia sobre o pensamento racional e sobre a lógica, fazendo que com que qualquer mal entendido ou contradição em relação à doutrina do Cristo caia por terra, tirando força do misticismo e apresentando argumentos concretos e coerentes contra o ceticismo. Além disso, o Espiritismo destrói de uma vez por todas a figura de um Deus vingativo ou inconsistente, revelando aos homens a misericórdia e a bondade infinitas de um Criador que não apenas reconhece e aceita nossas falhas, mas que jamais as julga e que nos dá incessantes chances de corrigi-las. 

A doutrina espírita, como percebemos através de nossos estudos do Evangelho Segundo o Espiritismo, é uma doutrina de transformação interior. Através dos exemplos de espíritos encarnados e desencarnados, compreendemos cada vez mais que nossa felicidade e realização estão inegavelmente ligadas à nossa evolução espiritual—e não são poucos os conselhos, livros e tratamentos à disposição para nos possibilitar tal evolução. Esta é sua tarefa: trazer conhecimento e harmonia às sociedades, através da edificação de cada um de nós. 

A mediunidade, presente em toda e qualquer religião, ganha destaque no Espiritismo, pois nela reside a base da doutrina. É através do trabalho dos médiuns que o Espiritismo foi codificado por Allan Kardec, e através desse mesmo trabalho que estabelecemos uma comunicação de integridade e respeito com o plano espiritual. Todas as pessoas são médiuns em potencial, e essa mediunidade é desenvolvida de acordo com a necessidade e o comprometimento do médium.

Porém, o Espiritismo nada tem de mágico. O médium não é um oráculo e nem um adivinho. As mensagens e informações que ele recebe não têm por objetivo prever o futuro ou fazer favores. Tudo o que se passa em um centro espírita tem de estar de acordo com os ensinamentos da doutrina e, portanto, têm de ter como principal tarefa o aprendizado e a melhoria espiritual dos envolvidos—tanto do próprio médium quanto da pessoas que buscam amenizar seus sofrimentos no Espiritismo. Não existem milagres e nem saltos na evolução: tudo o que se adquire é em função do merecimento próprio. 

Este é o ponto em que muitas pessoas, de início entusiasmadas com as possibilidades da mediunidade, acabam por se desanimar. A verdade é que muitos de nós esperam o equivalente espiritual de ganhar na loteria: uma larga soma de benefícios sem trabalho e sem sofrimento. Essa expectativa denota de nossa imaturidade e de nosso pouco conhecimento, mas, através do estudo, compreenderemos cada vez mais como é necessário passarmos por todos os estágios da evolução, ainda que lentamente, para só então merecermos aquilo que se chamamos de Reino de Deus. 

Irmãos, aprendamos com os exemplos de nossos amigos espirituais e de nosso mestre, Jesus, a sermos trabalhadores e humildes para que mereçamos tudo o que Deus tem para nos oferecer—os tesouros celestes que não perecem, que não desaparecem jamais, mas que perduram em nossos espíritos em ecos de luz e alegria. Determinemo-nos, de uma vez por todas, a nos tornarmos mulheres e homens de bem. Não é uma jornada fácil, mas temos o Espiritismo, bem como muitas outras doutrinas de luz, à nossa disposição para nos auxiliar na caminhada. 


Não deixemos que ainda mais uma oportunidade seja desperdiçada com preocupações fúteis. Não queiramos abreviar o caminho de outra maneira que através da caridade, do amor, da fé e da disciplina. Sabemos sobre o reino que nos espera, cheio de amigos que torcem por nós—somente a nós cabe irmos de encontro a ele.