Archive for dezembro 2013

Ligações Afetivas

Grande é a influência do plano espiritual e da carga que trazemos conosco enquanto espíritos sobre os aspectos mais corriqueiros da vida na Terra. Com as ligações afetivas, um assunto bastante delicado, não é diferente.

Usualmente criamos laços com espíritos que nos são semelhantes, em termos de evolução, porque neles encontramos as nossas próprias tendências. É o caso das amizades, que, sob a influência dessas tendências, podem vir a nos ser prósperas - quando nos encontramos entre amigos sinceros, que querem o nosso bem e que se dispõe a nos ajudar em nossa evolução -, ou que podem retardar nosso avanço.

Existem também os casos onde, por conta de uma expiação, somos levados a criar laços com espíritos contra quem nutrimos animosidades. Se for assim, é provável que tenhamos contas a acertar e muito a aprender com essa amizade, de maneira menos suave.

O mesmo acontece com as ligações amorosas, porém de maneira mais intensa. Cada relacionamento é uma grande fonte de aprendizado, se soubermos encará-lo desta forma. Em nosso estágio atual de evolução, uma perfeita afinidade entre espíritos é bastante rara, de modo que, na grande maioria dos relacionamentos, encontramos no lugar desta afinidade, dívidas que devem ser sanadas e diferenças que devem ser superadas.

Conforme nosso merecimento, seremos encaminhados a estabelecer relações com espíritos que nos são simpáticos, e com quem podemos construir uma vida de sentimentos sinceros. Essas relações são muitas vezes definidas no plano espiritual, antes de encarnarmos - daí o aspecto "cármico" de diversas uniões - de acordo com nossa necessidade de aprendizado.

Sendo parte importante da vida do indivíduo, os relacionamentos podem nos servir seja como oportunidade de nos redimirmos junto à um espírito que prejudicamos (ou que nos prejudicou) em uma outra vida; como chance de aumentarmos nossa tolerância e paciência; como prova, principalmente no que se refere à questão do adultério; como bênção, quando nos unimos com um espírito afim, para que possamos crescer juntos.

É imprescindível, então, que mesmo numa época histórica onde a maioria das relacionamentos tornou-se banalizado, sejamos cautelosos nesta questão. As ligações energéticas criadas entre dois ou mais espíritos são laços que não se rompem com facilidade e podem nos acompanhar por encarnações a fio. De mesmo, as relações que temos com nossos parceiros são muitas vezes compromissos assumidos no plano espiritual, o que implica uma responsabilidade que não deve ser ignorada.

Todos já falhamos, é verdade. Sofremos e fizemos sofrer, por tratarmos de forma leviana tais laços que são tão importantes. Quando nos envolvemos, emocional ou fisicamente, automaticamente criamos para nós novas responsabilidades que às vezes não queremos levar adiante - e por estes descasos seremos responsabilizados.

É claro, porém, que nos casos extremos, onde há violência dentro do casal e nenhum sinal de respeito mútuo, o melhor a fazer é romper a ligação pois, de um ponto de vista espiritual, o relacionamento criado com o objetivo de redimir uma relação malfada numa outra encarnação pode terminar assim por tornar ainda pior a relação entre os dois espíritos.

Contudo, sabendo da implicação que tem um relacionamento afetivo, devemos fazer o possível para que ele funcione, para que possamos aprender com ele. Toda relação, seja ela afetiva, profissional, familiar ou de amizade, existe para que possamos aprender com nossos irmãos de caminhada - e nenhuma destas relações acontece por acaso.

Façamos o melhor para levarmos em conta a importância de nossas relações com o próximo para nossa evolução, fazendo o possível para respeitar e aprender com nossos companheiros, para que desta forma, os laços menos felizes sejam dissolvidos para dar lugar a ligações verdadeiramente satisfatórias e bem merecidas!

Bem-aventurados os Aflitos - Capítulo V - "Os Tormentos Voluntários"

Ao nos depararmos com este pequeno texto do Evangelho Segundo o Espiritismo, "Os Tormentos Voluntários", a primeira sensação é a de estranhamento: como assim, tormentos voluntários? Quem, em boa consciência, criaria tormentos para si mesmo? Que motivos teria alguém para procurar deliberadamente situações para sentir-se miserável? 


Infelizmente, todos nós temos sofrimentos que são, em algum grau, voluntários. Não porque conscientemente escolhamos sofrer, mas porque tomamos decisões e perpetuamos hábitos que sabemos muito bem, não nos trarão nada de bom.

A verdadeira felicidade é impossível no estado em que nos encontramos atualmente, pois ainda somos espíritos inferiores. Mas, cultivando os pensamentos apropriados, podemos fazer com que a vida na Terra transcorra de maneira muito mais suave, sem conflitos desnecessários. 

Fénelon, autor do texto, exemplifica bem os tormentos voluntários, falando-nos sobre a inveja e o ciúme. Ambos os sentimentos são parecidos: nos comparamos com os outros e, querendo estar por cima, cada coisa boa que lhe acontece nos parece um insulto pessoal, principalmente quando a pessoa recebe uma atenção que desejamos para nós. 

Esses sentimentos criam conflitos internos: entramos em estados difíceis de angústia e inquietude. Não podemos estar em paz, nessas condições. Ao invés de desejar o mal alheio, para que possamos aquietar nossa angústia, por que não trabalharmos para nossa cura, compreendendo que a inveja e o ciúme não têm sentido? 

Muitos outros tormentos são criados por nós mesmos, em diversas situações: quando levamos qualquer crítica para o lado pessoal, quando somos pessimistas, quando queremos aquilo de que não precisamos, quando insistimos, por teimosia, em não perdoar aos outros e a nós... 

Somos responsáveis por nossos sentimentos - por que querer mudar o outro, quando podemos mudar nossa reação ao que ele faz? Sabemos que ninguém burla a justiça de Deus: caso alguém nos tenha causado mal propositalmente, essa pessoa terá de lidar com as consequências de seus erros. Não cabe a nós mudar ou julgar ninguém.

Muito sofrimento pode ser evitado, quando decidimos pela resignação, pela fé e pela humildade. 

Então, ao invés de criar tormentos para nós mesmos e para os outros, elevemos nosso pensamento ao que é realmente importante e façamos o possível para mudar nossos padrões de comportamento. Busquemos, acima de tudo, a paz de nossos corações. 

Deficiência Mental e Física : Justiça Divina

Um dos assuntos mais discutidos, que surge com o conhecimento da questão da reencarnação, é aquele que se refere às deficiências congênitas, ou seja, que se apresentam antes do nascimento, e que tomam a forma de diversas malformações e síndromes.


Quando acreditamos que o espírito tem uma encarnação única, somos obrigados a questionar a justiça divina quando nos deparamos com uma criança ou adulto portador de tais deficiências. Se Deus é justo, e nos criou todos iguais, por que alguns nascem "saudáveis" e outros nascem com deficiências? Porém, ao tomar conhecimento do fato da reencarnação, somos capaz de compreender mais facilmente porque algumas crianças desenvolvem estas deficiências no útero, e outras não. 

Primeiramente, precisamos nos lembrar de que a reencarnação em um corpo deficiente não é um castigo, mas um simples caso de causa e efeito, como tudo o que acontece - e uma grande oportunidade de crescimento, tanto para o espírito reencarnado, quanto para seus familiares. 

Existem diversos motivos para que o espírito reencarne em um corpo deficiente, os mais frequentes sendo o suicídio, ou o uso indevido das faculdades mentais. Estas são apenas as causas mais comuns, contudo cada caso é um caso individual. 

No caso do suicídio, o que pode ocorrer é que, ocorrendo o desencarne de forma brutal e precoce, é possível que o perispírito* seja comprometido, e leve as marcas desse desencarne. Porque o suicídio é ato do livre-arbítrio, o espírito então reencarna na condição de deficiente, para que aprenda a dar valor ao corpo e à vida. 

O segundo caso mais frequente é o do uso indevido das faculdades mentais. Muitos dos deficientes mentais que reencarnam na terra são, de fato, espíritos muito desenvolvidos intelectualmente, mas pouco desenvolvidos moralmente. Ao invés de utilizarem a inteligência que lhes foi dada em prol do bem comum, acabaram cometendo o erro de utilizá-la para fins egoístas ou prejudiciais. Neste caso, o que ocorre normalmente é que o próprio espírito, ao desencarnar e perceber o erro que cometeu, pedir para voltar num corpo deficiente, para melhor desenvolver justamente suas capacidades morais. 

Existem muitas outras razões para as deficiências congênitas, tanto quanto existem indivíduos sobre a Terra. Porém, o essencial é que saibamos que isto não é um castigo e nem uma injustiça; muito pelo contrário, as deficiências são uma oportunidade de evolução. 

Poucos são os espíritos que sofrem demasiadamente com a reencarnação num corpo deficiente. Em sua maioria (em razão do esquecimento obrigatório pelo qual passa o espírito no momento de reencarnar), eles se adaptam facilmente ao novo corpo, da mesma forma que os espíritos que encarnam em corpos não-deficientes se adaptam. 

O mais importante, ao lidar com uma criança ou adulto reencarnado em corpo deficiente, é a aceitação e a demonstração do amor. Nada é por acaso. Caso tenhamos um familiar deficiente, significa que muito temos a aprender com ele, e essa aprendizagem se fará muito mais facilmente através do amor. A fragilidade dos corpos deficientes não é acidental: ao mesmo tempo em que o espírito encarnado no corpo deficiente aprende a valorizá-lo, ele serve para nos inspirar compaixão - sentimento muito necessário àqueles que reencarnam em condições difíceis. 

Para melhor compreensão desta questão, sugiro a leitura do livro Deficiente Mental: Por Que Fui Um? , psicografado por diversos espíritos através da médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. Neste livro, espíritos que recentemente estiveram em situação de deficiência falam sobre sua experiência e nos mostram o outro lado das deficiências congênitas: a evolução do espírito e a maravilhosa justiça de Deus. 

A versão em PDF deste livro está disponível na seção Obras Originais. 


* O perispírito é a matéria sutil que permite que o espírito se manifeste no corpo material em que ele nasce. Ele tem a forma do corpo físico, e é ligado a ele por um cordão, também feito da mesma matéria do perispírito. Quando esse cordão se rompe, ocorre o desencarne. É através do perispírito que o espírito mantém sua forma física no plano espiritual. 

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