Archive for setembro 2013

Viver melhor : pensar melhor

Frequentemente cremos que, de modo a mudar nossas vidas de maneira significativa, precisamos mudar nosso comportamento. Acreditamos que viveremos melhor se formos mais compreensivos, mais pacíficos, menos tímidos ou menos orgulhosos.

Isso não deixa de ser verdade. Mas temos de manter em mente que o pensamento precede sempre a ação, o comportamento, e até mesmo a forma que percebemos ou interpretamos as diversas situações pelas quais passamos, em intervalos de tempo curtos ou longos.

Viver melhor significa necessariamente pensar melhor. Explico.

Vamos supor uma situação onde nos sentimos ansiosos, seja ela qual for. Podemos tentar suprimir essa ansiedade, de variadas formas: criando hábitos, por exemplo, que nos ajudem a superá-la, ou evitando as situações que nos causam ansiedade. Se fico ansiosa ao falar em público, farei o possível para evitar essa situação. Se fico ansiosa ao pegar um avião, viajarei de carro ou não viajarei -- e caso não puder evitar a viagem de avião, tomarei calmantes ou levarei comigo algum método de distração para diminuir minha ansiedade, como um livro que prenderá minha atenção.

Porém, só superaremos de fato a ansiedade se pensarmos melhor. São os nossos próprios pensamentos que criam a ansiedade, o medo, o ciúme, o orgulho e muitos outros problemas que acabam tornando a vida difícil, dura.

Outro exemplo, mais corriqueiro. Digamos que estou na fila da padaria. Sou a próxima a ser atendida, mas, antes que eu possa fazer meu pedido, alguém entra na minha frente e pede antes de mim, fazendo com que eu tenha de esperar.

De acordo com meus pensamentos, posso interpretar esse acontecimento de diversas maneiras. Posso me sentir inferiorizada, porque sou tão insignificante que a pessoa nem me viu. Posso me sentir humilhada, porque até mesmo pessoas que não me conhecem querem "passar por cima de mim". Posso ficar com raiva da pessoa, acreditando que ela é mal-educada. Posso até mesmo ficar feliz, pensando que assim terei mais tempo para decidir melhor o que vou pedir quando for atendida.

O mesmo se dá com grande números de acontecimentos, todos os dias. Minha interpretação, que é causada por um conjunto de crenças (pensamentos) minhas, ditará então meu comportamento. No exemplo acima, cada interpretação irá gerar uma reação diferente: posso ficar quieta, me sentindo triste; posso chamar a atenção da pessoa e iniciar uma discussão, etc.

Porém, muitos de nossos pensamentos - ou até mesmo a maioria deles - são crenças enraizadas há anos. Por exemplo, no caso da fila da padaria, eu não me sinto inferior porque eu quero me sentir assim. O pensamento da inferioridade já estava lá, dentro de mim, em algum lugar - só esperando um momento para ser legitimado: "viu só! Eu sou tão inferior que ninguém nem me vê! viu só, eu estava certa no fim das contas!".

Essas crenças são difíceis de apagar. Um pensamento que me acompanhou durante anos não vai desaparecer de um momento para o outro. Um pensamento é também um hábito (ou um mau hábito). O que faço com esses pensamentos que não quero ter? Como fazer com que eles desapareçam?

Simples: basta não acreditar nele. Um pensamento só tem força quando você acredita nele e se identifica com ele. Se eu penso que sou inferior, mas não acredito que sou inferior, então eu não me sentirei inferior e não agirei de acordo com esse pensamento infeliz.

"Orai e vigiai", disse Jesus. O que temos de vigiar são precisamente nossos pensamentos. Não nos deixemos levar pelos pensamentos tolos que temos, e são origem de tantas aflições da alma. Deixemos que eles passem, dando importância antes aos pensamentos bons: ao fazer isso, nos tornamos fontes de boas vibrações, colaborando muito mais eficientemente com a evolução de nós mesmos e do planeta.

Bem-Aventurados os Aflitos - Capítulo V - "O Suicídio e a Loucura"

Vivemos em uma época marcada pelo materialismo.

A decepção contínua com as instituições religiosas, ligada à propagação da lógica materialista através de correntes filosóficas bem conhecidas, tais como o niilismo, o liberalismo e o pragmatismo (este último tendo-se tornado grande regente de quase todas as esferas da vida), terminaram por fazer com que grande número de pessoas se desligasse quase completamente da idéia de uma vida espiritual.

O materialismo se sustenta como filosofia, hoje em dia, sobretudo em razão de sua permissividade. Se não existe Deus, se não existe nada além da matéria, não precisamos prestar contas e nem nos responsabilizar pelos erros que cometemos; não precisamos rever nossas condutas contanto que elas nos dêem lucro imediato.

Porém, quando o "lucro" não vem e o sofrimento bate à porte, o materialismo não consola, não fortalece, não provém resposta alguma. E, sem ter mais onde se apoiar, o indivíduo é tomado pelo desespero - resultando, muitas vezes, no suicídio dito "consciente" (em oposição ao suicídio que resulta de graves enfermidades mentais, como a esquizofrenia).

Quando temos a certeza de uma vida espiritual, raramente chegaremos a contemplar tal ato. Sabemos que, ao desistir da vida, aniquilamos qualquer chance de evolução através da encarnação presente, e - pior ainda - contraímos ainda mais dívidas que terão de ser sanadas em encarnações posteriores.

O Espiritismo nos provém, assim, um duplo conhecimento.

Em primeiro lugar, a noção de que o sofrimento é passageiro, a renovação da esperança e da fé no futuro, através da paciência e da resignação. Compreendemos que nosso comportamento atual se refletirá em outras vidas, onde encontraremos situações completamente novas, e que nossas boas escolhas trarão, sem qualquer dúvida, vivências mais felizes.

Em segundo lugar, o conhecimento do que acontece com o espírito, no caso de um suicídio, através dos inúmeros relatos trazidos por médiuns, em forma de mensagens psicografadas. Ao tentarmos abreviar o sofrimento através do suicídio, apenas fazemos com que ele se prolongue.

Como bem nos diz o Evangelho, "(...) podemos concluir que, quando todos forem espíritas, não haverá mais suicídios conscientes", pois a doutrina Espírita nos proporciona muitas razões para opor-se à idéia do suicídio.

Afastemos, então, todas as idéias de auto-aniquilação que possamos ter, levados pelo desespero e pelo sofrimento. Tenhamos fé nas palavras dos irmãos superiores que nunca se cansam de nos prover consolo e amparo, na forma de palavras e vibrações de amor. Sobretudo, abstenhamo-nos de julgar negativamente aqueles que optaram, muitas vezes por falta de conhecimento, pelo suicídio: não somos capazes de compreender o que se lhe passava pela alma; oremos, por fim, para que sejam resgatados, amparados e educados nos hospitais do plano espiritual.

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