Archive for agosto 2013

Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai - Capítulo III - "Progressão dos Mundos"

Uma rápida observação da sociedade global, nos dias de hoje, pode-nos deixar com amargas dúvidas sobre a veracidade de um progresso moral em nosso planeta. 


A Era da Informação nos traz quase que exclusivamente, e em ritmo constante, as notas da podridão atual. Se é mesmo verdade que progredimos, por que a violência parece cada vez mais sádica, a corrupção (em todos os sentidos da palavra) mais presente, a intolerância mais radical? Por que a desigualdade cava, ainda, poços profundos entre as classes sociais e os indivíduos? Por que desaparecem os ideais comuns, dando lugar ao individualismo patológico? 

O progresso, porém, é uma das leis naturais. Podemos não percebê-lo diretamente -- e isso se dá mais por conta de nossa incapacidade de ver "o quadro todo" do que por uma ausência de progresso. Mas ele está lá. 

Somente, o progresso não se dá de forma idealizada, ele não se comporta como um conceito e, por isso mesmo, não é tão facilmente reconhecível. Ele se comporta como um organismo que se cura contínua, mas lentamente -- com pequenas recaídas que não comprometem o processo de cura. 

De acordo com Santo Agostinho, se pudéssemos acompanhar todas as fases do mundo, perceberíamos sua evolução progressiva. Contudo, para nós, principalmente enquanto encarnados, essa evolução é praticamente imperceptível. 

A sensação de estagnação (ou mesmo de regressão) que experimentamos atualmente se dá porque atravessamos um momento particularmente crítico da evolução do planeta, que sai de sua condição de mundo de provas e expiações para se tornar mundo de regeneração. Por essa razão, a humanidade parece estar mostrando sua pior face nas últimas décadas -- é o momento de agonia antes da melhora definitiva, com uma concentração de espíritos inferiores que encontram suas últimas oportunidades de reencarnar na Terra. Caso não aproveitem essas últimas encarnações para evoluir de maneira significativa, esses espíritos serão redirecionados para outros planetas (as "outras moradas" às quais se referiu Jesus), para darem continuidade à sua caminhada evolutiva. Simultaneamente, levas de espíritos já um pouco mais evoluídos principiam a encarnar em nosso planeta.

É essa reconfiguração e o trânsito intenso de espíritos de graus bastantes diferentes de evolução que causam o "transtorno" que presenciamos hoje. Porém, trata-se de uma etapa imprescindível para o progresso moral da Terra. 

O trabalho espiritual fora da casa espírita

Algo que tem me passado muito pelo pensamento é como temos a tendência de enxergar a vida espiritual como algo separado da vida física, como se ambas fossem bolhas de sabão que, quando se encontram, se repelem. É melhor não nos enganarmos: simultaneamente espiritual e física, nossa experiência é composta pelas duas bolhas, sobrepostas.

O esquecimento que sofremos a cada nascer não apaga os momentos que passamos na erraticidade -- aliás, muito mais longos que os momentos que passamos encarnados. E, mesmo na Terra, voltamos quase que diariamente ao plano espiritual, durante o sono. Nossa experiência terrena é entremeada permanentemente pela vida espiritual.

Assim, o trabalho espiritual não deve acontecer apenas dentro das casas espíritas durante os horários das palestras, tratamentos e trabalhos mediúnicos.

Diferentemente do trabalho profissional, a tarefa doutrinária não tem horários nem lugares específicos para acontecer: ela deve ser uma prática permanente, cumprida com amor, seriedade e completa dedicação. Mais ainda: ela deve servir de pauta para nossa vida física.

Isto não significa deixar a vida física em segundo plano para entregar-se a horas de orações diárias. Muito pelo contrário. Significa apenas que devemos reconhecer a integração total que existe entre a vida espiritual e a física, sem negligenciar nenhuma delas.

Mesmo fora da casa espírita, o trabalho continua. O mesmo é verdadeiro para aqueles que não frequentam nenhuma casa espírita. As tarefas que aprendemos através dos ensinamentos dos espíritos superiores podem ser praticadas nos ambientes familiares, profissionais, educacionais, sociais -- em todo lugar. Quanto mais percebermos e assimilarmos essa noção de integração, com mais empenho trabalharemos, vendo oportunidades de crescimento em qualquer situação. Com isso, só temos a ganhar.

Amai os vossos inimigos - Capítulo XII - « Pagar o Mal com o Bem »

Eis aí uma dos mais penosos princípios. Se já temos dificuldade em amar e aceitar até mesmo aqueles que nos são mais próximos, se frequentemente nos desentendemos e guardamos rancores (apesar de nossa boa vontade) contra eles, que dizer então dos chamados « inimigos »?

Todos sentimos, em algum ponto de nossas vidas, inimizade por alguém. Por um colega que nos tenta passar para trás, por algum conhecido que insiste em nos destratar, por algum falso amigo. Tentamos evitá-los o máximo possível, sabendo que nosso grau de evolução não nos permitiria qualquer aproximação amigável -- mas, se os evitamos, como podemos amá-los?

Bem, em primeiro lugar, é preciso resistir à compulsão de julgá-los, pois não nos cabe. Sim, é difícil -- mas não impossível. Não conhecemos o que lhes vai no íntimo, e nem devemos ter a pretensão de saber. Pelo contrário, o melhor a fazer é tentar compreender.

Compreender que estamos todos em níveis de evolução diferentes. Que talvez nós não agiríamos da mesma forma que aqueles por quem temos inimizade, mas que isso não nos coloca em posição de julgar ou de repreender. Ainda temos muito o que aprender, nós também. 

Amar nossos inimigos não significa, porém, forçar uma afeição que não sentimos -- não seríamos verdadeiros se assim fizéssemos --, mas não ter sentimentos negativos por eles. Não devemos desejar a eles o mal, e nem ficarmos contentes quando algo de mal lhes acontece. 

É isto o que significa pagar o Mal com o Bem. 

Se desejamos nos tornar pessoas melhores, precisamos agir como pessoas melhores desde já. Ao invés de devolvermos uma ofensa, de combater palavras duras com mais palavras duras, é melhor nos calarmos e tentarmos remover a mágoa de dentro de nós mesmos. E a melhor forma para isso é compreender que nenhuma ofensa é pessoal -- ela é apenas o reflexo do desequilíbrio interior daquele que ofende. 


Não nos deixemos desequilibrar. Façamos o nosso melhor para manter-nos serenos, dirigindo uma prece àquele por quem temos inimizade, envolvendo-o em luz para que logo em breve, nas próximas encarnações, possamos nos reencontrar, cada vez melhores e na mesma sintonia de benevolência.

Escutando Sentimentos

(trecho do livro Escutando Sentimentos, de Ermance Dufaux, psicografado por Wanderley de Oliveira. Sei que a publicação de um trecho de um livro sai um pouco do meu propósito inicial para este blog, mas eu precisava compartilhar esta mensagem, que aliás complementa muito dos textos do Evangelho que já comentei aqui. O livro em formato pdf encontra-se integralmente na seção "Obras Originais")

Amigo  querido  das lides espiritistas,  nos instantes de tormenta ocasionados pelos efeitos de tuas imperfeições,  busca Deus na oração  e escuta tua alma. Ouve os ditames suaves que ela te envia. Não os julgue agora e enquanto meditas. Indaga‐te: que fazer ante os impulsos menos felizes? Como agir para mudar? Ouve! Ouve a resposta em ti mesmo! Escuta teus sentimentos! Ora novamente, aquieta os raciocínios e escuta os “sons” dos sentimentos nobres que te arrimam.

Estás agora em estado alterado de consciência. Tua sombra avizinha. Teu self permanece em vigília. Tonifica‐te com as energias revigorantes. Agora agradece o dom da vida... O corpo... A beleza  de pertencer  a ti mesmo.  A presente existência é a tua oportunidade.  É  a tua ocasião  de libertar. Recomeça quantas vezes se fizerem  necessárias. Perdoa‐te pelos insucessos. Recorda as muitas vitórias e preenche‐te com o labor. Algumas respostas para serem compreendidas solicitam o concurso do tempo. Prossegue sem ilusões de conforto. Deseja o sossego interior e acredita merecê‐lo, mas não o confunda com facilidades transitórias.

Teus sentimentos: a realidade de tua posição espiritual. Por eles sabes de teu valor e de tuas necessidades.

Não te agrida quando sentires o que não gostarias.

Ama‐te ainda mais nesses momentos.

Aceita‐te.  Diz: eu aceito minha imperfeição. Senti‐la não quer dizer que eu seja menor. Eu  aceito  minhas particularidades.  Eu  me amo  como  sou  e não  me abandonarei porque
somente eu posso me resgatar.

Agora vai cumprir teu dever – esse sublime “analgésico mental”.

Em outros  instantes,  fora da tormenta mental, medita sobre aquilo que te incomodou. Medita sempre sobre tuas imperfeições e Teu Pai, secretamente, na acústica do ser, providenciar‐te‐á os recursos abundantes para tua cura.

Deus jamais te esquece.

Acredite nisso  e sente o  amparo  em teu  favor.  O  universo está a teu favor. Acredita.

Bem-Aventurados os Aflitos - Capítulo V - "Esquecimento do Passado"

Muitas vezes somos tomados pela curiosidade de saber sobre o que fizemos, ou o que fomos, em encarnações anteriores. Tenho certeza que um dos primeiros pensamentos que temos, ao estudar a reencarnação, é "quem será que fui? Em que época vivi?". Eu, ao menos, passei muito tempo pensando nisso, quando era mais jovem, a ponto de considerar sessões de regressão.

Talvez queiramos saber que, em uma existência anterior, fomos diferentes, famosos, importantes. Que contribuímos, de alguma forma, para a evolução do planeta, na forma de pensadores, inventores, escritores, médicos. Nem tanto por vaidade, mas para chegar a uma espécie de paz: "ao menos", podemos pensar, "eu já fiz algo de valor".

Nos esquecemos, porém, que apenas começamos nossa escalada em direção ao Bem e que, mais provavelmente que não, cometemos erros, desperdiçamos oportunidades, magoamos aqueles que amávamos e que, muitas vezes, reencarnaram em nosso meio atual de convivência.

Nos sentiríamos humilhados, se nossos próximos soubessem de todos os erros que cometemos na presente encarnação; muitas vezes, nos sentimos humilhados ao ter de admití-los até a nós mesmos. Convém então perguntar o que sentiríamos se adicionássemos as falhas do passado às falhas atuais? Naturalmente, nos sentiríamos bem mais desanimados, sabendo de todas as vezes que reincidimos nos mesmos erros.

Deus sabe o que faz. Se o esquecimento do passado é obrigatório, há razões para isso, até mesmo além das que conhecemos.

Diversas vezes, em nossa vida, desejamos a chance de começar de novo, por diferentes razões: quando decidimos nos reorientar profissionalmente, procurando uma ocupação mais adequada às nossas aspirações; quando relacionamentos que acreditávamos indestrutíveis terminam, nos deixando desconfiados e magoados; quando, por qualquer motivo, nos sentimos enfraquecidos por um conjunto de experiências difíceis e precisamos de uma renovação de nossa esperança e de nossa fé.

Reencarnar é a chance desse novo início, em todos os sentidos. Ainda que voltemos, muito frequentemente, em meio aos mesmos espíritos que nos eram próximos em encarnações anteriores, nossa relação com eles é totalmente restaurada para que tenhamos nova chance de reparar o mal que a eles fizemos.

Não precisamos saber quem fomos ou como agimos no passado, para evoluirmos. Nossas tendências, para bem ou para mal, continuam as mesmas, pois o espírito é o mesmo. Através da observação dessas tendências, das pessoas e das situações que aparecem em nossa vida atual, é possível compreender o que temos de melhorar, quais qualidades precisamos desenvolver e o que ainda precisamos corrigir.

É claro que não nos tornaremos espíritos completamente puros em apenas uma encarnação. Mas um primeiro passo já é um passo, que nos levará ao passo seguinte e ao seguinte a este.

Podemos argumentar que, conhecendo ao menos aquilo que nos propomos a fazer, enquanto estávamos no plano espiritual, poderíamos cumprí-lo com maior facilidade. Talvez isso seja verdade. Mas seríamos realmente verdadeiros, se estivéssemos apenas cumprindo uma lista de afazeres? Estaríamos realmente nos empenhando em procurar caminhos, se já tivéssemos nas mãos um mapa?

Não precisamos, em verdade, de um mapa. Nossa consciência já atua como uma bússola, nos indicando sem cessar o caminho que nos convém seguir: é preciso, porém, aprender a escutá-la, pedindo sempre o auxílio dos espíritos superiores em nossas preces, e nos comprometendo a segui-la.

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